Eu nunca existi, nunca.
Eu coexisto com o mundo, com a sociedade, com a natureza,
com os átomos que compõe as células de meu corpo. Eu não existo somente me
exteriorizando, pois sozinha não sou nada, eu apenas coexisto pois posso assim
refletir sobre minha própria existência vendo-me aos olhos de outros,
ouvindo-me aos ouvidos de outros, e lendo cada parte do meu ser por outros
intelectos.
Não é arrogância ou humildade quando digo que não existo,
não é morbidez ou niilismo, não sou o nada de Sarte, mas simplesmente não
existo pois se comigo não existir apenas uma única pessoa, um único indivíduo
que possa compartilhar da minha natureza, eu jamais vou ser alguém. Sem
linguagem, sem comunicação, sem dialética, eu apenas estou, temporariamente e
liquidamente, apenas estou, pois quando eu morrer quem poderá dizer que eu existi?
Quando eu me for e somente eu estiver aqui, quem dirá que eu estive? O que eu
fiz? É por isso que não me envergonho em dizer que eu coexisto, para minha
sobrevivência, humanidade e sanidade, eu coexisto, procurando interagir para me
manter viva, para ser lembrada, para me exteriorizar e ser reconhecida, mas
também me reconhecer a cada situação em que eu vivo. Eu simplesmente coexisto,
por que preciso de contato, preciso que eu seja lembrada, para que eu seja
significante para existir quando eu morrer.
Quando eu vejo em muitos casos, pessoas que morreram sem que
fossem lembradas, que morreram sem serem identificadas, elas nunca existiram
para mim e nem para ninguém, por que não há ninguém para dizer teu nome, para
lamentar por sua morte ou simplesmente para dize quem foi.
Deixe-me ser mais insensata ainda quando digo que poucas
coisas realmente existiram; como nos primeiros anos de vida de uma criança, que
só sabe que seu chocalho existe por que ela o vê em sua frente, eu só sei que
algo existe, por que eu tenho ciência dele, eu tenho provas, estudos,
afirmações e conhecimentos que ele existe, mas quando eu não tenho informações
suficiente para saber deste algo, ele deixa de existir para mim, como eu deixo
de existir para ele e mesmo que eu transforme o mundo em que este algo vive
ou viverá ele nunca saberá quem eu fui
ou quem eu sou se eu não coexistir hoje.
Nós, seres humanos, somos egocêntricos e alienados por
natureza, somos e não somos, somos e deixamos de ser por falta de informação, somos
e olhamos para nós mesmos, como o centro de tudo, mas com razão, pois a partir
do momento em que eu desconsiderar minha existência, eu desconsiderarei que
estou viva.
Confuso, não? Eu estou viva, mas eu coexisto, coexistindo eu
existo, existindo eu estou viva, mas então se eu não seguir esta singularidade
eu simplesmente morrerei? De carne e osso, não, mas de mente sim, pois não
haverá mais nada para lhe informar de sua existência e pode ter certeza, que
logo o questionamento sobre si mesmo será feito e o colapso será eminente, isto
por que a necessidade de vivermos em constante dialética, é fundamental para a construção
social, de identidade e humana.
Logo, minhas frases redundantes explicam Descartes “Penso,
logo existo”, para eu pensar, eu preciso refletir e eu não posso refletir sozinho,
logo você coexistindo com alguém, cuja linguagem e comunicação sejam viáveis,
independente do tipo, você poderá pensar e assim, existir.
Posso me arriscar a dizer que entendi, não completamente tudo o que quiz dizer, mas sim a mensagem.
ResponderExcluirDo meu entendimento, o que consegui abstrair, é um indivíduo que entendeu a piada mas não consegue entender a graça.