29/11/2017

Eu nunca existi...

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Eu nunca existi, nunca.
Eu coexisto com o mundo, com a sociedade, com a natureza, com os átomos que compõe as células de meu corpo. Eu não existo somente me exteriorizando, pois sozinha não sou nada, eu apenas coexisto pois posso assim refletir sobre minha própria existência vendo-me aos olhos de outros, ouvindo-me aos ouvidos de outros, e lendo cada parte do meu ser por outros intelectos.

Não é arrogância ou humildade quando digo que não existo, não é morbidez ou niilismo, não sou o nada de Sarte, mas simplesmente não existo pois se comigo não existir apenas uma única pessoa, um único indivíduo que possa compartilhar da minha natureza, eu jamais vou ser alguém. Sem linguagem, sem comunicação, sem dialética, eu apenas estou, temporariamente e liquidamente, apenas estou, pois quando eu morrer quem poderá dizer que eu existi? Quando eu me for e somente eu estiver aqui, quem dirá que eu estive? O que eu fiz? É por isso que não me envergonho em dizer que eu coexisto, para minha sobrevivência, humanidade e sanidade, eu coexisto, procurando interagir para me manter viva, para ser lembrada, para me exteriorizar e ser reconhecida, mas também me reconhecer a cada situação em que eu vivo. Eu simplesmente coexisto, por que preciso de contato, preciso que eu seja lembrada, para que eu seja significante para existir quando eu morrer.
Quando eu vejo em muitos casos, pessoas que morreram sem que fossem lembradas, que morreram sem serem identificadas, elas nunca existiram para mim e nem para ninguém, por que não há ninguém para dizer teu nome, para lamentar por sua morte ou simplesmente para dize quem foi.
Deixe-me ser mais insensata ainda quando digo que poucas coisas realmente existiram; como nos primeiros anos de vida de uma criança, que só sabe que seu chocalho existe por que ela o vê em sua frente, eu só sei que algo existe, por que eu tenho ciência dele, eu tenho provas, estudos, afirmações e conhecimentos que ele existe, mas quando eu não tenho informações suficiente para saber deste algo, ele deixa de existir para mim, como eu deixo de existir para ele e mesmo que eu transforme o mundo em que este algo vive ou  viverá ele nunca saberá quem eu fui ou quem eu sou se eu não coexistir hoje. 
Nós, seres humanos, somos egocêntricos e alienados por natureza, somos e não somos, somos e deixamos de ser por falta de informação, somos e olhamos para nós mesmos, como o centro de tudo, mas com razão, pois a partir do momento em que eu desconsiderar minha existência, eu desconsiderarei que estou viva.
Confuso, não? Eu estou viva, mas eu coexisto, coexistindo eu existo, existindo eu estou viva, mas então se eu não seguir esta singularidade eu simplesmente morrerei? De carne e osso, não, mas de mente sim, pois não haverá mais nada para lhe informar de sua existência e pode ter certeza, que logo o questionamento sobre si mesmo será feito e o colapso será eminente, isto por que a necessidade de vivermos em constante dialética, é fundamental para a construção social, de identidade e humana.

Logo, minhas frases redundantes explicam Descartes “Penso, logo existo”, para eu pensar, eu preciso refletir e eu não posso refletir sozinho, logo você coexistindo com alguém, cuja linguagem e comunicação sejam viáveis, independente do tipo, você poderá pensar e assim, existir.

Um comentário:

  1. Posso me arriscar a dizer que entendi, não completamente tudo o que quiz dizer, mas sim a mensagem.
    Do meu entendimento, o que consegui abstrair, é um indivíduo que entendeu a piada mas não consegue entender a graça.

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